Nova relação de trabalho
Domingo, 3 de abril de 2011
Maior fiscalização deve garantir o respeito também à legislação ambiental e dos canavieiros
Se no passado o setor sucroalcooleiro ficou marcado por práticas opressivas com o trabalhador e de pouca preocupação com o meio ambiente, o futuro deve ser de maior respeito às leis trabalhistas e à legislação ambiental. Não apenas por uma vontade do setor de ser reconhecido de forma diferente, mas especialmente pela maior fiscalização e exigência no cumprimento das leis, pela necessidade de aumentar a produtividade vertical (com a mesma área plantada) e, quem diria, pela concorrência pela mão de obra com indústrias com maior qualidade do trabalho.
Até 2014 a queima da palha da cana-de-açúcar deve ser extinta, seguindo o zoneamento proposto pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). O prazo, que alguns fornecedores acreditam que possa ser ampliado até 2017, tem feito os proprietários de lavouras anteciparem o processo de mecanização. Já estão em testes máquinas com tecnologia japonesa que colhem a cana-de-açúcar em terrenos acidentados como os da Zona da Mata pernambucana.
´Isso vai encarecer o processo em até 30%, pelo menos. A mão de obra deve migrar para outras etapas do processamento e já está migrando para as oportunidades geradas com o crescimento do estado, principalmente para a construção civil`, atesta Mário Jorge, da usina Trapiche.
Responsável pelas relações trabalhistas da usina, Sílvio Melo reconhece que é possível encontrar várias realidades no corte da cana em Pernambuco. ´Ainda tem gente trabalhando no tempo das cavernas, enquanto têm usinas seguindo todas as regras exigidas no trato com o trabalhador, com todos os equipamentos de segurança e seguindo as leis trabalhistas. A realidade é que em cinco anos deve faltar trabalhador para o corte da cana`, considera.
A disputa de profissionais com a construção civil e com as oportunidades geradas em Suape também têm sido fatores para melhorar as condições de trabalho. Se na construção civil, a pouca instrução não é impedimento para começar, na avaliação do diretor de Política Salarial da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), Paulo Roberto Rodrigues Santos, o setor é também uma porta de entrada para uma profissão.
´A mão de obra já está sendo importada das cidades e de outros estados. Muita gente migrou da cana para trabalhar na construção civil. Tem o Minha casa, minha vida, a duplicação da BR-101, as obras em Suape. Isso tem feito o setor sucroalcooleiro rever a forma de contratação`, pontua.
O que tem acontecido é que muitas usinas e engenhos já não dispensam toda a mão de obra na entressafra. Se antes apenas 20% ficavam, hoje já são 50% os permanentes; além da inclusão no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e nos programas de qualificação profissional. No longo prazo, porém, Paulo Roberto vê uma situação preocupante.
´Esses trabalhadores estão migrando e a mecanização será uma realidade nos próximos cinco anos pelo menos em 50% da colheita, acredito. A questão é que essas obras vão acabar e mesmo sabendo que muitos não voltarão para o corte da cana`, atesta.
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FONTE: D.P.
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